domingo, 17 de outubro de 2010

Ecos na imprensa (3)

Porque não mudam os políticos?
Actores do complexo político-mediático português tendem a eternizar-se, o que leva à ausência de novos ângulos de abordagem

Fátima Mariano
Jornal de Notícias, 17 de Outubro

A crítica foi feita na última semana pelo antigo presidente da República Jorge Sampaio: os rostos da política portuguesa não se alteraram nos últimos 30 anos, apenas envelheceram. E é imperativo que haja um rejuvenescimento nesta área para bem da saúde democrática, defende Sampaio.
Embora esta continuidade tenha vantagens, porque a profissionalização significa ter pessoas melhor qualificadas nas áreas em que vão trabalhar, como defende Manuel Merinho, da Universidade de Lisboa, também tem o seu lado negativo. "Esta cristalização limita potencialmente as ideias e o envolvimento dos cidadãos nos partidos", sustenta Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro.
Na área do comentário político-económico, sobretudo em televisão, o cenário não é muito diferente e está, também, sujeito a críticas. Há cerca de uma semana foi lançada um petição online "contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social" na "análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso", o que, defendem os seus promotores, "resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspectiva sobre as questões em debate".
Investigadores na área da comunicação social consideram que esta realidade se deve, por um lado, ao facto de os canais de televisão "arriscarem muito pouco, pelos investimentos envolvidos" e, por outro, não investirem tempo na procura de novos rostos, que consigam aportar novos ângulos sobre a vida nacional.
Críticas rejeitadas pelos directores de informação dos três canais generalistas de televisão, que defendem haver novos comentadores e novas opiniões.
Habituámo-nos a vê-los ano após ano no espaço político-mediático. Ocupando cargos partidários, de governação ou na administração de institutos ou empresas públicas. Muitos começaram a entrar na esfera pública como militantes das juventudes partidárias e/ou líderes estudantis. Outros, uma minoria, iniciaram-se como independentes, mas acabaram por inscreverem-se nos partidos políticos.
O antigo chefe de Estado, Jorge Sampaio, criticou, na última semana, esta realidade, dizendo que os rostos da política portuguesa pouco se alteraram nas últimas três décadas e defendendo a necessidade do seu rejuvenescimento. Mas esta fraca renovação das elites político-partidárias tem um lado positivo para as democracias, defende Manuel Meirinho, professor de Ciência Política no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política da Universidade Técnica de Lisboa. (...)

(Ler aqui o artigo na íntegra)

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